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Tratado da circulação e do crédito (1770)

Isaac de Pinto

Tratado da circulação e do crédito (1770)

As riquezas têm seu valor devido à natureza dos homens ou a sua própria natureza? O que é preferível, o ouro ou um monte de dinheiro? Com efeito, as riquezas brilham melhor quando as gastamos do que quando as acumulamos, se de fato a avareza sempre torna os homens odiosos, enquanto a liberalidade os torna célebres. Quanto ao fato de não poder permanecer conosco o que se transfere para outro, note-se que é justamente nesse momento que a riqueza tem valor, quando fazemos uso da liberalidade e, transferida para outros, a riqueza deixa de ser possuída. Entretanto, se for acumulada com um só homem toda a riqueza que existe no mundo, faltará aos demais. E se a voz fica inteira ao encher igualmene os ouvidos de muitos, vossas riquezas, ao contrário, não podem passar a muitos senão quando divididas em pequenas partes; o que, ao se realizar, forçosamente torna pobres aqueles que a riqueza abandona. Ó riquezas restritas e miseráveis, que não podem, sem divisão, ser possídas por muitos, e que não vêm a ninguém, quem quer que seja, sem a pobreza dos demais!

Boécio, A consolação da filosofia, 2.5.3-7.

"Não se troca dinheiro por dinheiro", diz Mercier de la Rivière aos mercantilistas.
Em obra destinada, pelo seu título, a tratar de comércio e de especulação, lê-se "Todo comércio consiste na permuta de coisas de espécie diferente; e o proveito (para o cemerciante?) se origina dessa diferença. Trocar uma libra de pão por uma libra de pão não traria nenhum lucro (...) daí ser o comércio vantajoso em comparação com o jogo, que é apenas troca de dinhaeiro por dinheiro." (Th. Corbet)
Embora Corbet não veja que D-D, permutar dinheiro por dinheiro, é a forma de circulação característica não só do capital comercial, mas de todo o capital, pelo menos admite que essa forma de uma espécie de comércio, a especulação, é comum ao jogo.
Aparece então MacCulloch e acha que comprar para vender é especular, e que a diferença entre especulação e comércio se desvanece. "Todo negócio em que uma pessoa compra um produto para vendê-lo é realmente uma especulação."
Bem mais ingênuo, de Pinto, o Pindaro da Bolsa de Amsterdam: "O comércio é um jogo (frase tirada de Locke) e não é com mendigos que podemos ganhar. Se ganhássemos por longo tempo em tudo e com todos, seria preciso devolver de bom grado grandes partes do lucro para recomeçar o jogo."
(Isaac de Pinto, p.223)

(Marx, O capital, livro 1º,p. 181, ed. Civilização Brasileira, 2010)

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